quarta-feira, 26 de outubro de 2011

“Os médicos deveriam tirar mais vantagens dos cheiros, porque eles mudam meus humores e meus estados de espírito”
Montaigne – escritor francês ( 1533 - 1592 
)

Todas as vezes que vou abordar o marketing olfativo imagino aquele desenho animado onde o personagem passa em frente a um restaurante e uma “nuvenzinha” com cheiro de comida caminha até o seu nariz.

Inebriado ele entra flutuando pela cozinha, seguindo a nuvem dos aromas e começa a comer de tudo, pois o cheiro abriu-lhe o apetite.

Isso pode parecer uma fantasia de desenho animado, mas o estímulo olfativo comprovadamente interfere em nosso comportamento.

Estudos desenvolvidos pelo neurologista norte americano Alan Hirsch, comprovaram o poder que o olfato tem sobre as pessoas.
“O olfato tem um poder de alterar o comportamento com mais intensidade e rapidez porque está relacionado ao sistema límbico, parte do cérebro que reponde pelas emoções e lembranças afetivas”, diz Hirsch.

O Dr. Hirsch esteve em São Paulo numa conferência e mostrou suas experiências. Junto aos cassinos americanos, ele conseguiu aumentar em mais de 50% o volume de apostas; no varejo elevou em 25% a venda de sapatos e em 12% no consumo de soda limonada em lanchonetes fast foods.

No caso das apostas, destacou o experimento realizado no hotel Hilton, em Las Vegas. Sua equipe observou o volume de dinheiro apostado em três áreas diferentes, em três finais de semana, constatando que a introdução de uma fragrância no ambiente proporcionou o crescimento de 41,5% nas apostas. Aumentando a intensidade da fragrância, este índice chegou a 53%.

O recurso olfativo tem sido usado com muita freqüência como ferramenta de marketing e isso já é uma tendência mundial. O uso dos cheiros é um poderoso recurso que tem como objetivo incrementar a comunicação mercadológica, mesmo em sinergia aos outros sentidos, principalmente o visual e o auditivo.

Pode-se criar uma identidade sensorial aromática para uma determinada marca e agir na memória olfativa dos consumidores. Além de manter um alto índice de lembrança dessa marca, resultados positivos nas vendas poderão ser percebidos.

Assim como se cria uma logomarca desenhada, com apelo unicamente visual, pode-se também associar uma fragrância ou um aroma para essa marca, fazendo com que o consumidor se identifique mais com ela.

Para que esse trabalho tenha um resultado concreto, um delicado estudo de marketing deverá ser realizado, identificando de que forma o recurso olfativo deverá ser aplicado para se obter os melhores efeitos.

O apaixonante disso tudo é que não existe uma fórmula padrão para o marketing olfativo, pois cada caso exige uma solução específica.

Vamos a um exemplo prático do uso dos cheiros nas ações de comunicação de marketing:

Imagine um novo veículo tipo crossover, 4X4 sendo lançado.
Ele já tem uma logomarca definida pelo fabricante e o público alvo está na faixa jovem, amantes de aventuras e gosto pela natureza.

Com muita criatividade, os responsáveis pela comunicação e pelo marketing da empresa, podem envolver uma identidade olfativa ao projeto e com isso obter um efeito brilhante junto ao público alvo.

O primeiro passo, após um cuidadoso planejamento, está na solicitação junto a uma casa de fragrâncias, para desenvolver uma orientação olfativa com odor de “terra molhada”, por exemplo.

Esse cheiro irá estimular a lembrança de uma trilha, solo barrento, estrada de terra e muita aventura.

Na loja, o ponto de venda poderá ser decorado com uma cena típica de off road, com uma simulação de mato, pedras e muito barro. O 4X4 é colocado bem em cima disso tudo, meio sujo de lama, assim como o produto irá ficar quando for usado.

Esse público odeia carro limpo...

Tudo deverá ser montado para criar um clima radical e essa vitrine ficará bem evidente na loja.

Aí entra o cheiro. Aromatizadores de ambiente, próximos a vitrine, deverão pulverizar de tempos e tempos, aquele característico e delicioso cheirinho de terra molhada.

Com isso, além do visual da vitrine e o auditivo ( pode –se incluir ruídos de pássaros e água ), o olfativo fará um complemento de grande valia.
Mas o marketing olfativo não para por aí.

Essa mesma fragrância de terra molhada poderá ser microencapsulada e aplicada nas fotos estampadas em camisetas, que poderão ser distribuídas como brindes aos potenciais compradores.

Quando o consumidor interessado na compra do veículo chegar em casa e for mostrar essa camiseta aos amigos, por exemplo, o cheiro de terra molhada ficará espalhado no ar através do rompimento das microcápsulas, fato que irá remeter à memória a mesma situação presenciada na loja.

Como reforço disso tudo, essas microcápsulas também podem ser aplicadas nas tintas de impressão em folhetos promocionais do crossover com a mesma foto e cheiro. Ao receber esse folheto em casa, certamente o interessado ficará bem impressionado e isso pode ser decisivo na escolha do carro.

Existem inúmeras possibilidades no uso das fragrâncias como ferramenta de marketing.

Certamente os efeitos serão compensadores.

Se existe algo que não está "cheirando bem" em seu negócio, o marketing olfativo pode ser a solução...


Carlos Casartelli é Mercadólogo e Consultor em Marketing especializado em Comunicação e Canais de Vendas Alternativos. 

Fonte:
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/marketing-olfativo-ll/37300/

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